E a segurança em Brumadinho! Como vai?

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Brumadinho agora tem 4 comunidades quilombolas

O reconhecimento das comunidades de Ribeirão, Marinhos e Rodrigues foi publicado no Diário Oficial da União no dia 4 de novembro. Pleiteado pelas comunidades com o auxílio da vereadora Lilian Paraguai, o reconhecimento representa um passo importante em direção à autonomia, fortalecimento e valorização cultural dos grupos quilombolas da região. Até então apenas a comunidade quilombola de Sapé havia sido reconhecida, em 2006. “O título significa uma vitória para toda a população de Brumadinho, já que estas comunidades tem um motivo a mais para preservarem sua cultura, tendo agora maiores incentivos para a promoção desta”, destaca Lilian.
O líder comunitário de Marinhos, Antônio Cambão, frisou: “há muito tempo desejávamos o reconhecimento desses grupos, que existem na região desde os anos 80. Com ele, temos mais condições para lutar pela comunidade”. Ele lembrou também que com o título a comunidade negra ganha mais força para lutar pelos seus objetivos coletivamente e, ainda, que a tradição da comunidade negra de Brumadinho é a ação comunitária”. Antônio Cambão acredita que haverá um fortalecimento e união dos remanescentes quilombolas para o desenvolvimento sócio/cultural/econômico, que poderá ganhar força através do turismo de base comunitária.
O turismo de base comunitária são um conjunto de iniciativas protagonizadas pelas comunidades locais, que ordenadas e bem estruturadas, representam experiências turísticas, agregando valor aos roteiros e gerando empregos e renda para a comunidade.
Um grande incentivador do turismo de base comunitária em Brumadinho é o Instituto Inhotim, através da diretoria de Inclusão Social e Cidadania. O Instituto já realizou dois seminários sobre o tema em 2010. O primeiro em março e o segundo em outubro. Roseni Sena, diretora de Inclusão Social do Inhotim também se manifestou sobre os novos títulos quilombolas “a partir do reconhecimento é favorecido o resgate da historicidade dessas comunidades, e abrem-se as possibilidades para a participação nas redes quilombolas e obtenção de recursos nos projetos destinados a elas. O Inhotim já tem estabelecida, há três anos, uma parceria bastante sólida com essas comunidades, e deposita muita confiança no trabalho desenvolvido por elas. A presença de suas manifestações culturais, danças, artesanato e modo de vida no patrimônio cultural da região é belíssima. Só temos a agradecer e parabenizar às comunidades pela sua força e capacidade de resistência, bem como a todos os envolvidos no processo de reconhecimento”.
Com o título, os remanescentes têm,como todos, o direito a propriedade das terras ocupadas tradicionalmente. O direito a essas terras é de uma importância singular, pois confere suporte a identidade comunitária. Não se trata apenas de moradia, que pode ser trocada sem maiores traumas,mas sim do elo que mantém a união do grupo, e que permite a sua continuidade no tempo, através de sucessivas gerações, possibilitando a preservação da cultura, dos valores e do modo peculiar de vida da comunidade étnica. Privado da terra, o grupo tende a dispersar e a desaparecer.
Historicamente, os direitos das comunidades remanescentes de quilombos trazem a memória a injustiça passada, mas também carregam a esperança da justiça futura.

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