E a segurança em Brumadinho! Como vai?

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Comunidade de Casa Branca protesta contra a Vale


Em protesto, no dia 16 de maio, os moradores de Casa Branca fecharam a estrada municipal que liga o povoado à sede de Brumadinho. Às 5h da manhã os manifestantes já estavam de pé portando faixas, cartazes e panfletos; realizando uma manifestação pacífica e educativa, bloqueando a circulação de veículos automotivos. Como a mineradora Vale, responsável pela exploração da Mina da Jangada, usa a estrada de terra municipal para chegar a empresa, os moradores fecharam um dos acessos a ela. Quem foi trabalhar no horário da manhã precisou voltar.

Segundo o grupo Águas de Casa Branca, o objetivo da manifestação foi a preservação das águas da região e exposição de denúncia das mazelas que as mineradoras da região estão realizando no município. O abastecimento de água em Casa Branca é feito por água mineral. Por isso, a principal queixa dos manifestantes foi o acesso à água por quem mora no entorno da Mina da Jangada. A atividade minerária tem poluído uma nascente e causado dificuldades no abastecimento da população no bairro Recanto da Aldeia, em Casa Branca. O grupo informou que a água que saía cristalina para o consumo, está saindo com terra e até com óleo. Está insalubre.

Outra denúncia feita é que a mineradora molha a estrada com água de nascente, quando na verdade deveria usar outra. Outra grande preocupação dos moradores é a diminuição das águas do Poço Azul. Segundo os manifestantes ele está com 50% do leito reduzido. Outro problema ainda denunciado é que a empresa disse que faria uma explosão por dia; mas na verdade está sendo mais que isso, em qualquer horário.

Moradores temem que Vale repita devastação do Pará

O grupo Águas de Casa Branca informou que durante a preparação da comunidade para a manifestação foi exibido o documento “Não Vale; que enfoca a ação da empresa Vale no Pará. A empresa Vale é a responsável pela mineração na Mina da Jangada que diminui a água para consumo em Casa Branca. No filme são expostas ações contra a natureza na região dos Carajás, no Pará, na exploração minerária da empresa.

Vale informa que não houve diminuição da água

A assessoria de imprensa da Vale informou à imprensa que, desde 2005, o volume licenciado para captação de água pela mineradora é o mesmo. Segundo a empresa, um acompanhamento pluviométrico indica variação do volume das chuvas dentro da normalidade.

Em nota oficial, a empresa afirma que não houve diminuição da vazão nos cursos d'água, no entorno da Mina da Jangada, de acordo com dados monitorados desde 2003. No que se refere à preservação ambiental, a Vale diz que cerca de 90% da propriedade na bacia do Córrego Jangada tem vegetação nativa, conservada pela empresa.

Prefeitura se manifesta

De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, a Vale tem licença de operação concedida até 2017, que inclui as atividades na Mina da Jangada. Segundo a Secretaria, nenhuma denúncia relacionada ao empreendimento da mineradora em Brumadinho foi recebida pela Subsecretaria de Controle e Fiscalização Ambiental. Ainda de acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, no dia 06/05/2011, anteriormente ao dia do protesto, a comissão técnica da Secretaria se reuniu com o representante de Córrego do Feijão e a comunidade de Casa Branca. Na ocasião ficou acertado que a SEMA iria vistoriar o local e levantar dados concretos para elaboração do relatório.

No dia 09/05/2011 a comissão técnica da secretaria iniciou as atividades; percorreram e vistoriaram toda a extensão do Córrego Manga e Córrego Jangada, vistoriaram a praça de estudos de viabilidade da VALE e distribuíram formulários sobre o uso da água, que foram preenchidos pelos moradores da área afetada.

Os técnicos da Secretaria estão analisando os dados coletados para posterior manifestação, após a conclusão do relatório.

Representantes do Água Viva disseram ao Circuito que uma semana depois da manifestação, a água voltou a sua normalidade no bairro Recanto da Aldeia. Diante desta informação, a manifestação já obteve sucesso.

Estrada e diminuição das águas são problemas antigos

A estrada municipal que liga a sede de Brumadinho aos povoados de Córrego do Feijão e Casa Branca é um problema antigo destas comunidades. A estrada não é pavimentada e as mineradoras, através de empresas terceirizadas, a usam para escoamento de minério e outros afazeres.

Entretanto, mesmo sendo usada pela multinacional Vale, o estado de conservação da estrada de terra é péssimo, segundo constatam todos os motoristas que já tiveram oportunidade de trafegar nela. Há até mesmo trecho com pedreira, que dificulta o tráfego de automóveis de passeio.

Há muitos anos as comunidades de Córrego do Feijão e Casa Branca reivindicam a pavimentação desta estrada.

Já a respeito da diminuição da água, há precedentes em Brumadinho que deixam a comunidade preocupada. Como o município é minerador, e como a mineração iniciou sem lei, no início do século XX, comunidades ricas em água mineral, como Tejuco e Córrego do Feijão, viram muitas nascentes secarem e riachos diminuírem o volume de águas. No Tejuco, segundo contam os antigos moradores, havia uma nascente onde hoje é a praça do povoado. Ela abastecia as casas da comunidade. Hoje, na época de seca, as casas são abastecidas por caminhões pipas. Segundo os moradores do Tejuco, as águas foram diminuindo com a exploração minerária.

Entretanto, como hoje há leis para serem cumpridas pelas mineradoras, as comunidades esperam que fatos como estes precedentes não voltem a acontecer. É certo que o município precisa explorar sua principal economia, mas esta exploração deve ser sustentável, gerando royalties, impostos e responsabilidade social.

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